Poema de[s]amor

Não se preocupe
com os abraços dos meus sonhos,
pois, mesmo que tão quentes e ardentes,
serão sempre, e somente, sonhos.

Não se abale
com as minhas confissões,
pois tal corpo, tão certo, mas tão vago,
nunca resiste após o amanhecer.

Não se inquiete
com os meus olhos perdidos à-toa,
pois eles mal sabem do que se acordam,
menos ainda sabem a que buscar.

Não se perturbe
com esses meus contínuos roupantes de cólera,
pois são eles coisa passageira;
mais dia, menos dia, tudo volta a seu lugar.

Não se desgoste
com esse silêncio a que às vezes te imponho,
pois ele é apenas consequência
de dias após dias de solidão.

Não se apresse
com tantas suposições infundadas,
pois não será repentino
o meu desamor.